PSDB encolhe nas capitais, mas vê esperança de manter 'tucanistão' em MS e PE

Política
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O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que governou o Estado de São Paulo por quase três décadas, viu o número de candidatos eleitos para os Executivos municipais despencar pelo segundo pleito municipal consecutivo. Neste ano, os tucanos elegeram 273 prefeitos em todo o País - 250 a menos do que em 2022, quando comemoraram a vitória de 523 postulantes.

Na região metropolitana de São Paulo, a vitória foi restrita a um único município: Santo André. A sigla presidida por Marconi Perillo (PSDB) não conquistou nenhuma das capitais brasileiras, mas conseguiu ter destaque em estados como Mato Grosso do Sul e Pernambuco.

Na cidade de São Paulo, o resultado deste ano foi ainda pior para os tucanos - que já conseguiram vencer uma eleição em primeiro turno na cidade com João Doria, em 2016. O nome escolhido pelo partido, José Luiz Datena (PSDB), encerrou sua participação no pleito com amargos 1,84% dos votos válidos. Foi o pior desempenho da sigla na história das eleições paulistanas, local considerado pela legenda como "berço político". O apresentador disse ao Estadão que não pretende voltar à política e quer retornar ao comando de seu telejornal na TV Bandeirantes depois das suas "férias até o dia 30."

Perillo negou que tenha sido um erro escolher o jornalista como o candidato da legenda. Na avaliação dele, o PSDB estava reduzido a "pó de traque" em São Paulo antes deste pleito. "O partido ficou na mídia. O Datena protagonizou um debate permanente (nestas eleições)", disse o presidente nacional da sigla ao Estadão. "Ele nunca teve entrosamento com a política, então teve as limitações para se envolver nesse meio. Ele fez uma campanha limpa e verdadeira."

O verdadeiro erro do PSDB, para ele, é que o partido não contou com candidato próprio à Presidência da República em 2022. "Depois do tsunami sofrido em 2022, nossa performance foi bem razoável. A gente reduziu a bancada a 13 deputados federais, apenas. E isso tem tudo a ver com o desempenho municipal. Quem cuida das eleições municipais são os deputados federais, que têm as emendas", comenta.

Perillo acrescenta que, para ele, o apresentador perdeu votos na reta final por conta do chamado voto útil. "Houve uma migração de votos dele também para candidatos que estavam disputando pau a pau o primeiro turno", pondera. "Houve um ataque sistemático de partidos da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) aos nossos prefeitos", comenta Perillo. "Resistimos heroicamente."

O PSDB foi o oitavo partido que mais elegeu prefeitos em todo o Brasil, atrás do PSD, MDB, PP, União Brasil, PL, Republicanos e PSB. Há quatro anos, a legenda era a quarta do País em número de candidatos eleitos para os Executivos municipais. Mesmo assim, o presidente tucano se vangloria de ter ficado à frente do PT, que terminou em nono lugar no ranking. "Têm a máquina federal na mão e nós não temos nada." O Cidadania, que faz federação com o PSDB, elegeu de seus candidatos.

Sem vereador em SP

Ainda na capital paulista, os tucanos não conseguiram eleger um vereador sequer. A Coluna do Estadão havia antecipado que o clima no partido já era de "desânimo" entre os candidatos ao Legislativo municipal e que seria "sorte" se conseguissem eleger um único postulante. A aposta era no nome de Mario Covas Neto (PSDB), o Zuzinha, que encerrou sua participação no pleito com 5.825 votos -Perillo, porém, avalia que ele "foi muito bem votado". Em todo o País, a sigla elegeu 883 vereadores, e o Cidadania, 413.

O partido já não tinha representantes na Câmara Municipal de São Paulo desde a última janela partidária, quando todos os oito vereadores da legenda deixaram o PSDB por confrontos com a direção nacional da sigla.

Por sua vez, São Bernardo do Campo, berço político e domicílio eleitoral do presidente Lula (PT), é um dos triunfos para a Federação PSDB/Cidadania, de acordo com Perillo. Por lá, o candidato do PT, Luiz Fernando, não conseguiu avançar ao segundo turno. O nome do Cidadania, o deputado federal Alex Manente, disputa a segunda etapa do pleito com Marcelo Lima (Podemos). Ainda no ABC paulista, Gilvan Júnior (PSDB) venceu no primeiro turno em Santo André, contra a petista Bete Siraque.

Na capital paulista, logo depois do resultado do pleito, a Federação PSDB/Cidadania formalizou o apoio ao candidato do MDB, Ricardo Nunes, no segundo turno. "É algo absolutamente natural. Nunes era vice do Bruno Covas. E nós somos adversários históricos do PT e da esquerda aqui. O PSDB tomou uma atitude coerente com a sua história", declarou Perillo.

O presidente do PSDB nacional argumenta que o partido não errou em lançar um candidato próprio ao invés de apoiar a candidatura do MDB desde o início da disputa, como defendia uma ala dissidente. Na visão de Perillo, o primeiro turno existe para que os partidos "se apresentem", enquanto a segunda etapa do pleito serve para "reunir pensamentos diferentes" e garantir "maioria absoluta" dos votos. "O 'não natural' seria a gente apoiar a candidatura do (Guilherme) Boulos."

Sobre a possibilidade da ampliação da federação PSDB/Cidadania, que será discutida depois do término das eleições, Perillo disse ao Estadão que precisa conversar com os integrantes do Cidadania. "Depois vamos avançar em eventuais acréscimos e ampliações com outros partidos. Solidariedade, PDT, que a gente já conversou", afirmou. A expansão do grupo partidário, para ele, seria importante para governos estaduais, futuros candidatos ao Congresso, Câmaras Municipais e Presidência da República.

Os tucanos ainda podem ampliar, um pouco, a quantidade de prefeituras sob seu comando depois da segunda etapa da eleição. Isso porque avançaram na disputa os peesedebistas de Piracicaba (SP), Ponta Grossa (PR), Caxias do Sul (RS), Santa Maria (RS) e Paulista (PE), esta última fora do eixo Sul-Sudeste. Mesmo assim, o PSDB teve a maior perda da chefia de Executivos municipais entre todos os partidos.

Mato Grosso do Sul e Pernambuco

O grande destaque do partido neste ano, no entanto, é Mato Grosso do Sul. Das 79 cidades do Estado, mais da metade (44) serão governadas pela legenda. Por lá, os tucanos conseguiram ganhar mais sete prefeituras para deixar sob suas asas. O atual governador do Estado, Eduardo Riedel, é do PSDB. É o terceiro mandato consecutivo da sigla no comando de MS.

Campo Grande, a capital sul-mato-grossense, não ficou com a legenda. O candidato tucano, Beto Pereira, terminou o pleito em terceiro lugar, com 25,95% dos votos válidos - cerca de 16 mil votos de diferença para a segunda colocada. O PSDB, no entanto, conseguiu conquistar cidades importantes, como Dourados, Três Lagoas, Ponta Porã, Nova Andradina e Paranaíba, por exemplo.

Pernambuco, governado pela tucana Raquel Lyra, é outro lugar de destaque para o partido, de acordo com o presidente da sigla. Por lá, o PSDB conseguiu eleger 32 prefeitos, ante os 5 da última eleição municipal, em 2020. O PSB, de João Campos, prefeito de Recife reeleito com mais de 78% dos votos, saiu vitorioso em 31 cidades. Os dois partidos se enfrentarão em Paulista no segundo turno, para empatar ou ampliar ainda mais a diferença de prefeitos eleitos pelas duas legendas.

Já em outro Estado governado por um peesedebista, o Rio Grande do Sul, de Eduardo Leite (PSDB), o destaque não é tão positivo. Os tucanos elegeram 33 prefeitos neste ano, mas o partido terá o comando de apenas 7% dos 497 municípios gaúchos. Em números absolutos, Minas Gerais foi o estado em que o PSDB se deu melhor, com 60 eleitos. A legenda dá o crédito do feito aos deputados federais Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."