Imprensa internacional repercute morte de Silvio Santos: 'Quem quer dinheiro?'

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A morte do apresentador e empresário Senor Abravanel, o Silvio Santos, aos 93 anos, foi noticiada por alguns dos principais veículos de comunicação em todo o mundo. Notícias sobre a morte dele, ocorrida na manhã deste sábado, 17, em São Paulo (SP), foram reproduzidas em veículos de Portugal, da Espanha, dos Estados Unidos, da Argentina, do Paraguai, e até mesmo da Turquia. O assunto também foi noticiado por agências de língua chinesa e alemã.

Silvio Santos estava internado no hospital Israelita Albert Einstein desde o início de agosto. A causa da morte foi a broncopneumonia decorrente da infecção pelo vírus H1N1.

A emissora norte-americana ABC News republicou um texto da agência Associated Press. "Silvio Santos, executivo de televisão brasileiro e apresentador conhecido pelo bordão 'quem quer dinheiro?', morreu após uma carreira de décadas sob os holofotes", escreveu a AP.

No Canadá, o mesmo texto foi reproduzido pela versão local do portal de notícias Yahoo! News. "Santos era dono da rede de TV SBT e criou diversos shows de variedades. O mais famoso deles levava seu nome e era apresentado por ele desde 1963. Recentemente, passou a ir ao ar nas noites de domingo", diz um trecho.

Leitores de língua chinesa foram informados sobre a morte do empresário carioca pela agência Mandarinian, que reproduziu o texto da AP.

A agência Reuters, uma das maiores do mundo, fez referência à trajetória de Abravanel. "O magnata de mídia brasileiro Silvio Santos, que foi de vendedor de rua a dono de um império dos negócios e que inclui um dos maiores canais de TV do país, morreu aos 93 anos, noticiou a emissora SBT neste sábado".

Na Turquia, o tema foi tratado pelo site local Gazete Istanbul, que também republicou o texto da AP.

Em Portugal, o óbito do empresário foi noticiado pelo Diário de Notícias. "Silvio Santos era o nome artístico de Senor Abravanel, um carioca filho de judeus imigrados no Brasil. Desde cedo, tinha talento para lidar com o público. Trabalhou como 'camelô' nas ruas, um tipo de vendedor ambulante popular no Brasil, e entrou na comunicação a fazer locuções para rádio", escreveu o jornal português.

Em língua alemã, o assunto foi abordado pela agência de notícias Agência Latina Press, que produz conteúdo em alemão sobre países da América Latina.

A morte do empresário teve ampla cobertura nos países de língua espanhola. Na Argentina, foi abordada pelos dois principais jornais. O La Nación chamou Santos de "lenda do entretenimento brasileiro", ao reproduzir o texto da AP.

Já o Clarín destacou a ampla repercussão do tema no Brasil. "Personalidades do mundo da cultura e da política não tardaram em expressar as suas condolências à família do comunicador, dona de um sorriso permanente e de um carisma inquestionável e cuja presença na televisão brasileira era uma constante desde a década de 1960", publicou o jornal argentino, reproduzindo texto Agência EFE.

Na Espanha, o El País destacou reportagem da correspondente do jornal no Brasil, Naiara Galarraga Gortázar. "O Brasil inteiro - velhos e jovens, das cidades ou dos enclaves rurais, fãs de samba ou sertanejo, de esquerda ou de direita - lamenta neste sábado o apresentador que durante décadas reinou nas noites de domingo na telinha, o mais influente da televisão brasileira, o empresário que começou como vendedor ambulante e construiu um império de comunicação tendo o canal SBT como carro-chefe", diz um trecho.

No Paraguai, o jornal ABC Color também reproduziu texto da Agência EFE. "(Santos) sempre foi um dos nomes de peso na grade dominical, onde performava como ninguém com seu talento para lidar com gente e seu atrevimento, capturando a atenção das massas", diz um trecho.

O texto da EFE foi reproduzido ainda pelo jornal mexicano, El Universal.

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A euforia com as novas ferramentas de inteligência artificial (IA), que surgiram principalmente depois do lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, também trouxe a preocupação de muitos especialistas com o impacto da tecnologia no meio ambiente. Afinal, a manutenção de data centers, por exemplo, requer o uso de bilhões de litros de água por ano e o lixo eletrônico criado a partir da troca de componentes gera uma conta ao planeta.

A boa notícia é que a própria tecnologia pode ajudar a mitigar os danos causados pelo desenvolvimento da IA, mas é preciso que a questão seja considerada dentro das empresas para que a evolução e a sustentabilidade andem juntas. Para Valdivino Alexandre de Santiago Júnior, líder do Laboratório de Inteligência Artificial para Aplicações AeroEspaciais e Ambientais (Liarea), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a IA é extremamente necessária para facilitar atividades como monitoramento do clima e processamento de dados, e precisa ser utilizada. Mas com cautela. Santiago é um dos convidados do Summit Tecnologia e Inovação que será realizado pelo Estadão amanhã, das 8h30 às 16h, no Unibes Cultural, em São Paulo, como parte das comemorações dos 150 anos do jornal.

"A IA é uma tecnologia bastante poderosa. Ela tem condições de contribuir efetivamente, processando um grande volume de dados e tornando as tarefas mais rápidas de serem solucionadas. Existem avanços significativos para um cenário sustentável, mas estes ainda se apresentam como insuficientes para interromper as mudanças climáticas a médio e longo prazos", afirma o especialista.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Como a IA pode ajudar a solucionar problemas ambientais urgentes?

A IA tem sido usada para realizar previsões de tempo e clima mais precisas, e isso é muito importante por diversas razões. Alertas precoces de eventos extremos (ondas de calor, enchentes, secas), planejamento de plantio e colheita na agricultura, apoio para a realização de pouso e decolagem de avião são alguns exemplos da importância de se ter uma acurada previsão de tempo e clima. Além disso, a IA pode ser empregada para otimizar a operação de redes de energia, prever com precisão as flutuações da demanda energética e facilitar a integração com fontes de energia renováveis, diminuindo o consumo de energia elétrica como um todo. Florestas absorvem dióxido de carbono da atmosfera. Quando são derrubadas ou queimadas árvores, esse gás de efeito estufa é liberado. Então, um correto monitoramento dos biomas é extremamente importante para qualquer país. Baseando-se em imagens de satélite, a IA pode apoiar a detecção de focos de incêndio, a identificação de desmatamento e a construção de mapas de uso e cobertura do solo. A IA pode ser usada para automatizar processos de reciclagem e conversão de lixo, o que é outro aspecto bastante relevante para a sustentabilidade do planeta.

Em quais situações essas tecnologias podem ser mais úteis?

A IA é uma tecnologia bastante poderosa. Ela tem condições de contribuir efetivamente, processando um grande volume de dados e tornando as tarefas mais rápidas de serem solucionadas. É uma abordagem generalista onde, tendo um conjunto adequado de informações e dados disponíveis, a IA pode alcançar resultados bem significativos, para quaisquer dos problemas salientados e para muitos outros.

O consumo de energia é uma preocupação do setor? Como isso é tratado pelas empresas e desenvolvedores de tecnologia na sua visão?

A computação como um todo, o que inclui a IA e os data centers, tem vários problemas que afetam o ambiente. O alto consumo de energia elétrica é certamente um deles, onde os centros de dados vêm contribuindo significativamente para isso. Em um relatório de abril de 2025, tratando de energia e IA, a Agência Internacional de Energia (IEA) estima que o consumo de energia elétrica dos centros de dados no mundo, em 2024, foi de 415 terawatts-hora (TWh). Isso foi 1,5% do consumo de energia elétrica de todo o mundo em 2024. Para 2030, a expectativa é de que o consumo de energia elétrica dos centros de dados mais do que dobre, chegando a 945 TWh. Isso é ligeiramente superior ao consumo total de eletricidade do Japão hoje. E tão elevado consumo está sendo impulsionado, principalmente, pela IA, que faz uso intensivo dos centros de dados. Empresas e pesquisadores da tecnologia têm abordado esse problema pelo desenvolvimento de hardware (processadores, placas gráficas) mais otimizado e que consome menos energia elétrica, pela criação de softwares/aplicações que demandam menos da infraestrutura computacional, pelo uso de servidores virtuais, entre outros.

Quais os maiores desafios ambientais envolvidos no desenvolvimento de tecnologias como IA e data centers?

Alto consumo de energia elétrica assim como de água e elevada emissão de gases de efeito estufa são alguns deles. Além desses, pode-se citar o lixo eletrônico e a extração não sustentável de elementos raros e minerais do planeta. O lixo eletrônico se refere aos equipamentos elétricos e eletrônicos que são considerados obsoletos e que são descartados. Computadores e servidores ultrapassados são, então, desconsiderados e outros mais atuais são desenvolvidos e colocados nos centros de dados. Isso gera uma quantidade considerável de lixo. Os elementos raros e minerais são relevantes, pois permitem a fabricação de dispositivos eletrônicos de ponta, garantindo eficiência, desempenho e miniaturização. A extração de tais elementos e minerais de maneira não sustentável pode ocasionar a destruição de ecossistemas, contaminação da água e solo, e mesmo aumentar a emissão de gases de efeito estufa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Apesar da queda geral de homicídios, as mortes de mulheres, bebês e crianças de até 4 anos estão em alta e preocupam pesquisadores por terem um ponto em comum: a violência doméstica. A cada dia, dez mulheres com diferentes trajetórias de vida são assassinadas no Brasil. Foram 3.903 ocorrências em 2023, o maior patamar desde 2018. Isso é o que aponta o Atlas da Violência. Estima-se que um em cada três casos seja de feminicídio.

Já os homicídios de bebês e crianças de até 4 anos cresceram 15,6% em 2023. O índice chegou a 1,2 caso para cada 100 mil habitantes, maior registro desde 2020, embora se note uma queda de 30% na comparação com 2013

Conforme os dados, divulgados ontem, para cada 100 mil habitantes houve 3,5 casos de homicídios de mulheres no período mais recente para o qual há dados. "É preocupante", afirma Manoela Miklos, pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança. Segundo ela, não há uma única explicação para o aumento - a hipótese de que, para além dos feminicídios, haja mais mulheres engajadas em dinâmicas em condutas criminosas, por exemplo, não é descartada.

A pesquisadora ressalta que, independentemente dessa leitura, o cenário cobra a adoção urgente de políticas públicas focadas em diminuir a violência contra a mulher, em especial nas regiões onde os índices estão mais elevados.

O Estado com a maior taxa de assassinatos de mulheres foi Roraima (10,4 casos por 100 mil habitantes em 2023). Na sequência, estão Amazonas, Bahia e Rondônia, todos com taxa de 5,9. Em contrapartida, tiveram os menores índices São Paulo (1,6), Brasília (2,7) e Santa Catarina (2,8). "A gente precisa melhorar no desenho, na implementação de serviços públicos para vítimas de violência", diz Manoela.

PATRIARCADO

Segundo Daniel Cerqueira, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, é difícil cravar motivos. "O que se pode falar é que há o recrudescimento da polarização e radicalização política, que muitas vezes traz à tona valores culturais que reforçam ideia e valores do patriarcado."

O pesquisador explica que, para além dos números levantados no Atlas, há um aumento "grande nos feminicídios, segundo os registros policiais". "Isso acontece porque há um processo de aprendizagem dentro das autoridades policiais que, muitas vezes, pegavam aquela morte da mulher e classificavam apenas como homicídio", diz o pesquisador.

O relatório do Atlas busca retratar a violência no Brasil principalmente a partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Esse modo de análise permite visão mais ampla, "desviando" de possíveis subnotificações. Em vez de lançar luz sobre feminicídios, por exemplo, o relatório opta por focar em homicídios de mulheres.

A opção foi usar homicídios de mulher que ocorrem em casa como feminicídio. "As evidências nacionais e internacionais mostram que, quando uma pessoa é assassinada dentro de casa, em mais de 90% das vezes o perpetrador é íntimo da vítima: marido, ex-cônjuge ou familiar muito próximo", diz o pesquisador.

Conforme o Atlas, de acordo com os registros do SIM, em 2023, do total de homicídios registrados de mulheres, 35% aconteceram na residência. "Considerando essa proporção, 1.370 dos 3.903 homicídios registrados no ano teriam acontecido nesse local, sendo lidos, portanto, como feminicídio", aponta o relatório.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

As mortes em casa também se destacam quando se fala da morte de bebês e crianças. "É um fenômeno (homicídio de bebês) que está absolutamente conectado com a violência doméstica, a gente está lidando com lares perigosos. Contraintuitivamente o lugar mais perigoso de se estar, se você é uma criança ou uma mulher no Brasil, é a sua própria casa", afirma Manoela Miklos.

O Atlas destaca que, no caso dos chamados infantes (0 a 4 anos) e de crianças de 5 a adolescentes 14 anos, a residência aparece como local majoritário das ocorrências, constando respectivamente em 67,8% e 65,9% das notificações. "É o tema mais sério que eu acho que a gente tem a tratar no âmbito do Atlas da Violência deste ano", afirma Cerqueira.

O relatório alerta que "os homicídios não representam a totalidade das violências enfrentadas por crianças e adolescentes". "Além de serem vítimas de violência letal, também sofrem com violências não-letais, sendo importante monitorar essas violências", cobram os pesquisadores.

"Dois terços das violências não-letais também acontecem dentro de casa, e o perpetrador geralmente é um familiar próximo, às vezes a mãe, o pai, o padrasto. Nossas crianças e jovens estão sendo massacradas dentro de casa", afirma Cerqueira.

SUICÍDIOS

Um reflexo disso, aponta o relatório, é o crescimento no número de crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos que se suicidaram: houve aumento de 42,7% no número de suicídios nessa faixa etária entre 2013 e 2023 - foram 11.494 mortes do tipo nesse período.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil registrou queda de 2,3% na taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes em 2023, segundo dados divulgados ontem. A nova edição do Atlas da Violência, relatório produzido anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que o índice ficou em 21,2 - terceira redução seguida e menor patamar desde 2013, início da compilação. Em 2017, a taxa chegou a 31,8, puxada por disputas sangrentas entre facções criminosas.

Os homicídios caíram na maioria dos Estados, mas os números seguem elevados: foram 45.747 assassinatos no País em 2023, cerca de cinco vítimas por hora. Nove unidades federativas tiveram altas nas taxas. No Amapá, o índice subiu 41,7%, chegando a 57,4 (maior número entre os Estados). Já no Rio e em Pernambuco os aumentos foram de 13,6% e 8%, respectivamente.

As taxas mais elevadas estão espalhadas pelas Regiões Norte e Nordeste. Depois do Amapá, os Estados que registraram os maiores indicadores foram Bahia (43,9), Pernambuco (38,0) e Amazonas (36,8). Já as unidades federativas com os menores números foram São Paulo (6,4), Santa Catarina (8,8) e Distrito Federal (11).

"Apesar de a gente ainda ter um número exorbitante de homicídios, pode-se dizer que a taxa em 2023 foi a menor em 31 anos", afirma Daniel Cerqueira, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea. A taxa apresentada em 2023 é 26,4% menor do que a de 2013, quando o índice estava em 28,8. Naquele ano, foram 57.396 assassinatos no Brasil. No Atlas, por questões metodológicas, se fala dos últimos 11 anos. "Mas, se for olhar mais para trás, só teve taxa igual a essa (de 2023) em 1994", diz o pesquisador.

Nos assassinatos de modo geral, especialistas têm apontado que facções, e não políticas públicas, têm sido a principal causa da variação das taxas. Para Cerqueira, houve um "armistício tácito" entre grandes facções, como PCC e CV, após conflitos recorrentes, que explodiram especialmente no Norte e no Nordeste.

"Mas há outra dinâmica fora dessa grande guerra do narcotráfico, que tem a ver com as guerras territoriais locais. Isso não acabou e continua matando muita gente", diz. Não fosse isso, explica, as reduções poderiam ser ainda maiores.

Segundo ele, se há algo de diferente da década de 2010 para cá, é exatamente o crescimento do número de facções criminosas menores, que muitas vezes disputam territórios que são ou já foram preteridos. É o que se vê no Amapá, por exemplo, em disputas em regiões como Santana. "Só na Bahia, setores da inteligência da polícia falam de mais de 20 facções", diz Cerqueira. "São pequenas facções locais que estão brigando diuturnamente ali, tendo o controle territorial das 'bocas', das 'quebradas'. Isso gera muita morte."

ENVELHECIMENTO

Um outro ponto que ajuda a explicar a queda das taxas de homicídios é o envelhecimento gradual da população brasileira, mostra o Atlas. Mas há algumas ressalvas. "A transição demográfica não aconteceu de maneira uniforme no País, ou seja, nem em todos os Estados a proporção de pessoas jovens diminuiu e a proporção de velhos aumentou", diz Cerqueira.

O pesquisador explica que esse processo começou de forma mais rápida no Sudeste. Norte e Nordeste, que mantêm as maiores taxas de homicídios, ainda não passaram por esse processo de forma tão intensa. "Daqui para frente, a gente espera que essa maré a favor de redução de homicídios que vem da questão demográfica seja mais forte nessas regiões (Norte e Nordeste)."

POLÍTICAS PÚBLICAS

Apesar da influência direta da atuação das facções para a desaceleração dos homicídios, Cerqueira afirma que a boa notícia é que muitos Estados têm tido quedas consistentes já há alguns anos. "Algumas unidades federativas já estão reduzindo há mais de 10 anos os homicídios. Outras, há 7, 8 anos", afirma.

Um dos pioneiros nesse sentido, explica, foi São Paulo, que segue com a menor taxa de homicídios do País. "Antes, a taxa de homicídio aqui era altíssima. Jardim Ângela (na zona sul), por exemplo, era um dos territórios mais violentos do mundo, segundo a ONU", diz Cerqueira.

Para o especialista, uma série de ações contribuíram para a melhora, como a estruturação de setores de inteligência, a adoção do Infocrim (Sistema de Informação Criminal) e, mais recentemente, a implementação de câmeras corporais pela Polícia Militar - ainda assim, a alta letalidade policial sob a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) é considerada um ponto de atenção.

Cerqueira afirma que outros Estados, como Minas Gerais, Pernambuco e Paraíba, também passaram a adotar políticas mais amplas. Além de municípios como Pelotas (RS) e Niterói (RJ).

"É uma evolução invisível na segurança pública, que muitas vezes ainda fica escondida atrás de grandes conflitos do narcotráfico."

Quando um Estado se organiza a partir de políticas qualificadas, isso cria "um freio", a exemplo do que ocorre no Acre, cita o pesquisador. O Estado teve redução de 10,2% na taxa de homicídios em 2023, batendo 23,7 casos para cada 100 mil habitantes. Em 2017, esse número chegou a ser de 61,4. "Ali é a porta de entrada de toda a cocaína que vem da Bolívia, do Peru, no alto do Juruá, então havia guerra, especialmente na região metropolitana de Rio Branco", diz. "Mas eles investiram em dados, eles têm um trabalho integrado das polícias com o Ministério Público, fizeram coisas muito interessantes."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.