Presidente do Panamá diz que acordo com EUA sobre Canal é 'absoluta falsidade'

Internacional
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O presidente do Panamá, José Mulino, negou que seu governo tenha fechado um acordo com os Estados Unidos autorizando navios de guerra norte-americanos a transitarem pelo Canal do Panamá sem pagar taxas. Segundo Mulino, a informação de que haveria passagem livre para embarcações do governo norte-americano pelo Canal é uma "absoluta falsidade".

A declaração do presidente panamenho ocorre após publicações no X, feitas pelo Departamento de Estado dos EUA na quarta-feira, afirmando que "as embarcações do governo dos EUA agora podem transitar pelo Canal do Panamá sem pagar taxas, economizando milhões de dólares por ano para o governo dos EUA."

"Rejeito completamente essa declaração de ontem", afirmou Mulino em coletiva de imprensa, acrescentando que orientou o embaixador do Panamá em Washington a adotar "medidas firmes" para contestar a afirmação do órgão norte-americano.

Em nota, a presidência do Panamá, entretanto, deixou claro que o país está aberto a discutir acordos com os norte-americanos sobre o tema.

Recentemente, Marco Rubio, chefe do Departamento de Estado dos EUA, visitou o Panamá para se reunir com Mulino.

O enviado de Donald Trump levou uma mensagem do presidente norte-americano, destacando que a crescente influência da China sobre o Canal era "inaceitável".

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou as redes sociais na quinta-feira, 6, para ironizar a perda de R$ 14 bilhões da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ). O parlamentar publicou a imagem de um boné azul com a frase: "o rombo de 14 bilhões da Previ é dos brasileiros".

Na legenda, Flávio acusou o PT de comprometer os fundos de pensão, ironizando a linguagem neutra associada à esquerda. "A tara do PT em roubar o futuro de pensionistas, pensionistos e pensionistes não tem limites! Amigues, deixem os fundos de pensão em paz!", escreveu.

A publicação faz parte da "guerra dos bonés", iniciada por ministros e parlamentares da base do governo no Congresso. No sábado, 1.º, governistas usaram um boné azul com os dizeres: "o Brasil é dos brasileiros", após políticos de direita publicarem fotos usarem o boné de Donald Trump, com os dizeres "Make America Great Again", após a posse do presidente americano. Na segunda, 3, o uso do item provocou reação da oposição, que lançou versões próprias com frase de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e crítica ao governo: "comida barata novamente. Bolsonaro 2026".

Com a "briga" instalada, o acessório usado pelos governistas também foi adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por sua vez, criticou a politização do episódio e minimizou o uso dos bonés. "Boné serve para proteger a cabeça, não para resolver os problemas do país", publicou em sua conta no X (antigo Twitter).

Em meio à troca de provocações, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, na quarta-feira, 5, a abertura de uma auditoria sobre a gestão da Previ. O ministro do TCU Walton Alencar Rodrigues destacou "gravíssimas preocupações" com o desempenho do fundo.

Segundo ele, o "Plano 1" da Previ acumulou um prejuízo de R$ 14 bilhões entre janeiro e novembro de 2024. Ele também apontou um rendimento de apenas 1,58% no período, classificando o resultado como "pífio" em comparação a anos anteriores.

Alencar Rodrigues afirmou que a situação representa um "risco inequívoco" para os beneficiados e sugeriu "sérios problemas de gestão" na entidade. Ele determinou que a Secretaria Geral de Controle Externo levante informações sobre os investimentos da Previ.

O ministro alertou que o Banco do Brasil, cujo controle pertence à União, pode ser obrigado a cobrir parte das perdas, caso a situação se agrave. "Há a perspectiva de danos graves para o Banco do Brasil, sociedade de economia mista, cujo controle pertence à União, que, em caráter extraordinário, poderá ser obrigada a contribuir paritariamente com os assegurados", afirmou.

Em nota, a Previ classificou de ilações as suspeitas de falhas na gestão da entidade. Segundo a Previ, o ano de 2024 foi de grande volatilidade. "Os planos continuam em equilíbrio - muito por conta do bom resultado de 2023, também construído pela atual gestão da entidade. Não há, portanto, nenhum risco de equacionamento, nem de pagamento de contribuições extraordinárias pelos associados ou pelo Banco do Brasil", afirma a Previ.

Nas próximas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve cruzar o País de norte a sul em viagens para promover agendas com o objetivo de aumentar sua popularidade.

Como mostrou o Estadão, a estratégia foi definida pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, e deve contar com a ajuda da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e de vários ministros.

As agendas de viagens começam nesta quinta-feira, 6, com a ida do presidente a uma cerimônia de reabertura da emergência de um hospital no Rio de Janeiro, que estava com o serviço fechado desde 2020. Lula estará acompanhado da ministra da Saúde, Nísia Trindade, e do chefe da Casa Civil, Rui Costa.

Na sexta, 7, o presidente irá para a Bahia também acompanhado de Costa, Sidônio, e de outros ministros - Waldez Góes, da Integração, e Jader Filho, das Cidades -, além do governador Jerônimo Rodrigues (PT). A região Nordeste, historicamente reduto eleitoral petista, tem registrado queda na aprovação do governo, com recuo de sete pontos na pesquisa Genial/Quaest divulgada no último dia 27.

Na próxima semana, os destinos serão no Norte, com visitas a Belém (PA) e Macapá (AP). No dia 22, ele retornará ao Rio para participar de um ato político em comemoração aos 45 anos do PT. Também está prevista uma visita do presidente ao Polo Naval de Rio Grande (RS), ainda sem data definida.

A expectativa é que o presidente faça até duas viagens por semana. Após as mudanças na Secom, além das agendas pelo Brasil, também ficou decidido que a comunicação será "regionalizada" e "segmentada", com formatos e peças produzidos para cada região do País.

Veja a agenda de Lula para os próximos dias:

- Rio de Janeiro (RJ): cerimônia de reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, nesta quinta-feira, 6.

- Paramirim (BA): cerimônia "Água Para Todos - Bahia", onde serão feitos anúncios relativos à segurança hídrica do Estado, nesta sexta-feira, 7.

- Belém (PA): anúncio de ações relacionadas à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em novembro, e obras Programa Minha Casa, Minha Vida. Na próxima semana, sem dia definido.

- Macapá (AP): entrega de títulos de regularização fundiária a assentados, acompanhado do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, na próxima quinta-feira, 13.

- Rio de Janeiro (RJ): participação em ato político em comemoração aos 45 anos do PT, no sábado, 22.

- Rio Grande (RS): Visita ao Polo Naval da cidade, ainda sem data definida.

Agenda de Janja:

Como mostrou o Estadão, Janja acompanhará agendas de ministros no País e também no exterior. A primeira-dama vai integrar comitiva do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que participará de uma reunião em Roma (Itália), entre os dias 10 e 12 de fevereiro.

O encontro definirá o presidente da Aliança Global de Combate à Fome, iniciativa lançada durante a última Cúpula de Líderes do G20, realizada no Rio em novembro do ano passado. O cargo à frente do bloco multilateral formado por 142 membros é pleiteado pelo País.

As viagens pelo Brasil ainda não têm cronograma fechado, mas a primeira-dama deverá ter agendas com os ministros Camilo Santana (Educação), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Cida Gonçalves (Mulheres).

Como não tem mandato nem cargo público, a agenda da primeira-dama não era divulgada, apesar de sua atuação informal no governo. A prática, no entanto, mudou na segunda-feira, 3, quando Janja passou a divulgar seus compromissos nas redes sociais, após sofrer críticas acerca do sigilo de seus compromissos.

O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), apresentou um pacote de pedidos de informação para que o governo esclareça a atuação da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, no Palácio do Planalto. A iniciativa ocorre após o Ministério Público Federal (MPF) abrir um inquérito sobre possíveis irregularidades na Presidência.

Os pedidos são direcionados a cinco ministros do governo: Rui Costa (Casa Civil), Vinícius Carvalho (Controladoria-Geral da União), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento). O governo tem 30 dias para responder aos questionamentos.

Os documentos solicitam detalhes sobre o papel de Janja no Planalto, os gastos com passagens e diárias no exterior, a legalidade de representar o Brasil oficialmente em eventos e o sigilo sobre suas atividades. Também questionam se há investigações sobre violações de normas éticas.

Para Zucco, a primeira-dama tem exercido um papel que ultrapassa suas funções institucionais. "O Estado de Direito não autoriza que Janja custe milhões aos cofres públicos todos os anos, tendo servidores à sua disposição, influencie em políticas públicas e agrida verbalmente membros do governo americano e, ao mesmo tempo, não esteja obrigada a prestar contas à sociedade porque não está formalmente investida em cargo público e nem cargo eletivo", afirmou.

Os ministros de Lula têm 30 dias para se manifestarem sobre o pedidos de informações.

O documento foi assinado por 20 deputados:

- Dep. Zucco (PL/RS)

- Dep. Delegado Paulo Bilynskyj (PL/SP)

- Dep. Evair Vieira de Melo (PP/ES)

- Dep. Sanderson (PL/RS)

- Dep. Sargento Gonçalves (PL/RN)

- Dep. Silvia Waiãpi (PL/AP)

- Dep. Rodolfo Nogueira (PL/MS)

- Dep. Gustavo Gayer (PL/GO)

- Dep. Capitão Alden (PL/BA)

- Dep. Coronel Assis (UNIÃO/MT)

- Dep. Mario Frias (PL/SP)

- Dep. Delegado Caveira (PL/PA)

- Dep. Sargento Fahur (PSD/PR)

- Dep. Nikolas Ferreira (PL/MG)

- Dep. Zé Trovão (PL/SC)

- Dep. Coronel Meira (PL/PE)

- Dep. Domingos Sávio (PL/MG)

- Dep. Delegado Éder Mauro (PL/PA)

- Dep. Rodrigo Valadares (UNIÃO/SE)

- Dep. Delegado Ramagem (PL/RJ)

Falta de transparência

Diante das críticas sobre a falta de transparência, Janja divulgou na segunda-feira, 3, sua agenda diária por meio das redes sociais. Segundo sua assessoria, a prática deve ser mantida.

Na semana anterior, a deputada Rosângela Moro (União-SP) apresentou um projeto de lei para incluir cônjuges de chefes do Executivo na Lei de Acesso à Informação (LAI). "Se faltava lei para a sociedade ter acesso aos gastos públicos da primeira-dama, agora não falta mais", disse a parlamentar.

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) também acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o governo Lula, alegando improbidade administrativa pela recusa em fornecer informações sobre a agenda da primeira-dama.

A ONG Transparência Internacional se manifestou contra o sigilo imposto pelo governo, afirmando que Janja exerce uma função pública e, por isso, suas atividades devem ser divulgadas.

Como revelado pelo Estadão, a primeira-dama conta com uma equipe de ao menos 12 pessoas, incluindo assessores de imprensa, fotógrafos, especialistas em redes sociais e um militar como ajudante de ordens.