Motta, pré-candidato alinhado a lira, defende fim de 'agenda de radicalização'

Política
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Ao participar de um evento ontem em São Paulo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), defendeu que o Congresso Nacional saia "de uma agenda de radicalização" e adote uma "agenda propositiva" para o País. Motta é pré-candidato à presidência da Câmara e vem sendo apontado como o nome que Lira irá apoiar formalmente na disputa por sua sucessão, em fevereiro de 2025. Os deputados participaram na capital paulista da 24.ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol. Em discurso na solenidade, realizada em um hotel, Lira cortejou Motta e afirmou que a condução da presidência da Casa "se deve à qualidade dos seus líderes".

 

O líder do Republicanos deu declarações a favor do "dialogo com os outros Poderes" cerca de dez dias após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovar um pacote de medidas legislativas que preveem diminuir o poder dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e até controlar a Corte. Foram duas propostas de emenda à Constituição (PECs) e dois projetos de lei. As iniciativas limitam poderes dos magistrados para tomar decisões de forma isolada, autorizam o Parlamento a anular julgamentos do Supremo e propõem novo rito para processos de impeachment de integrantes do tribunal.

 

As duas PECs - uma restringe decisões monocráticas no STF e a outra permite ao Congresso sustar determinações da Corte - foram desengavetadas por Lira em agosto, em retaliação ao julgamento que chancelou a decisão do ministro do STF Flávio Dino de suspender as emendas parlamentares ao Orçamento.

 

"A nossa candidatura é uma candidatura a favor da Casa. É uma candidatura que tem que representar o sentimento dos parlamentares. E nesse sentimento dos parlamentares, está o diálogo com os outros Poderes, com o Executivo, com o Judiciário", declarou Motta depois de deixar a conferência em São Paulo.

 

Lira ainda não anunciou publicamente que Motta é seu candidato para a sucessão, mas o deputado alagoano tem defendido essa indicação nos bastidores.

 

"Podemos ter uma agenda propositiva, que se preocupe com o País, que possamos discutir os verdadeiros problemas da população e, com isso, possamos sair de uma agenda de radicalização que, ao meu ver, não contribui em nada com as soluções que precisamos dar aos sérios problemas que a população brasileira enfrenta."

 

Postulantes

 

Além de Motta, concorrem pelo posto o líder do União, Elmar Nascimento (BA), e o líder do PSD, Antonio Brito (BA). Também são lembrados na disputa o líder do PP, Dr. Luizinho (RJ), e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL).

 

Motta disse acreditar em um consenso em torno de sua candidatura. "Temos confiança de que construiremos essa candidatura de consenso, da extrema direita à extrema esquerda, para que tenhamos a Casa funcionando bem, os partidos respeitados, e que cada um possa defender a pauta que entende ser importante para o País", afirmou ele.

 

Após 2º turno

 

Durante o evento, Lira saudou o deputado do Republicanos ao elogiar os líderes das bancadas no Congresso. Ele disse que vai se posicionar oficialmente sobre o seu candidato à sucessão na Câmara após o segundo turno das eleições municipais - a votação será no próximo domingo.

 

"Tenho todos (os pré-candidatos) na mais alta conta, todos têm condição de representar o Parlamento. Estou em um evento aqui de um setor importante para o Brasil e não é momento para falar de sucessão, pelo menos agora. Nós vamos ter a oportunidade ainda. O segundo turno vai passar, vamos esperar o resultado das eleições e aí a gente se posiciona", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebe a partir desta terça-feira (22) líderes de países integrantes do Brics para a cúpula do grupo, que deve durar três dias. Analistas veem o encontro como um desafio russo para com a ordem mundial do Ocidente. O presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi já estão na cidade-sede. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, não estará presente, por orientação médica, já que sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada.

Putin espera neutralizar a influência do Ocidente e quer demonstrar o fracasso dos Estados Unidos em isolar a Rússia por suas ações na guerra contra a Ucrânia. Ele deve aproveitar a cúpula para realizar cerca de 20 reuniões bilaterais em paralelo, dentre elas com Xi, Modi e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

A Índia também terá um papel importante no evento, já que os aliados ocidentais querem que o país convença Moscou a terminar a guerra. Modi evitou condenar a Rússia e, em visita ao país em julho, ressaltou a "estreita amizade entre as duas nações".

Segundo o consultor estrangeiro do líder russo, Yuri Ushakov, a cúpula do Brics é "o maior evento de política externa que já foi realizada" em na Rússia, com 36 países, sendo que mais de 20 desses estão representados por seus respectivos líderes. Fonte: Associated Press.

A tempestade tropical Oscar deixou seis mortos e provocou fortes chuvas no leste de Cuba nesta segunda-feira, 21, após atingir a ilha como um furacão de categoria 1. Os ventos máximos sustentados de Oscar eram de 65 km/h nesta segunda-feira, enquanto se movia na direção norte a 11 km/h. A tempestade estava a cerca de 130 quilômetros ao noroeste de Guantánamo, Cuba, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC).

A televisão cubana informou que seis pessoas haviam morrido como resultado da passagem de Oscar em uma localidade chamada San Antonio Sur, na província de Guantánamo. O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, confirmou também pouco depois o número preliminar de vítimas.

"Chuvas intensas", disse o especialista José Rubiera em um relatório, informando que a tempestade havia seguido em direção às Bahamas, após deixar danos em Cuba. Esperava-se cerca de 36 centímetros de chuva no leste da ilha, com máximos de até 51 centímetros em pontos isolados.

"A principal preocupação são as fortes precipitações que estão ocorrendo em partes do leste de Cuba neste momento, que provavelmente causarão inundações significativas e até alguns deslizamentos de terra nessa área", disse Philippe Papin, especialista em furacões do NHC.

De acordo com Michael Lowry, especialista em furacões e especialista em marés, Oscar é o menor furacão já registrado, com um campo de ventos de apenas 10 quilômetros de diâmetro. Lowry observou que nenhum modelo de previsão indicava que Oscar se tornaria um furacão antes de atingir as Bahamas no sábado. "Não é comum ver um fracasso colossal na previsão de furacões", escreveu ele em uma análise publicada na segunda-feira.

Oscar tocou terra na província oriental de Guantánamo, perto da cidade de Baracoa, no domingo à tarde, com ventos de 120 km/h. Também atingiu a terra no sábado em Gran Inagua, nas Bahamas, onde vários residentes foram evacuados devido a danos em suas casas. Chuva e inundações foram relatadas em áreas baixas das províncias orientais de Cuba.

A imprensa cubana relatou ondas de 2 metros na costa e danos a telhados e muros em Baracoa. A previsão era de que a tempestade deixasse a costa norte de Cuba na segunda-feira à noite e se aproximasse do centro e sudeste das Bahamas na terça-feira, de acordo com meteorologistas dos EUA.

Alertas de tempestade tropical foram emitidos para a costa norte das províncias cubanas de Las Tunas, Holguín e Guantánamo até Punta de Maisí, bem como para a costa sul da província de Guantánamo e o sudeste das Bahamas.

Cuba sofreu um apagão generalizado na última sexta-feira. Parte do serviço foi restaurada no sábado, mas a maioria da população ainda estava sem energia. O ministro da Energia expressou esperança de que a rede elétrica pudesse ser reparada até segunda ou terça-feira.

Enquanto isso, a tempestade tropical Kristy se formou na segunda-feira ao largo da costa sul do Pacífico mexicano, mas não representa uma ameaça para áreas habitadas. Fonte: Associated Press.

Começa nesta terça-feira, 22, na Rússia, a cúpula do Brics, a primeira com a nova composição do bloco, que foi ampliado no ano passado, com a inclusão de mais cinco países. O Brasil participa sob olhar desconfiado de parceiros no Ocidente, como EUA e Europa, preocupados com gestos pró-Kremlin. A reunião é promovida por Vladimir Putin e usada por ele para demonstrar força e contestar seu isolamento global.

Por recomendação médica, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, cancelou de última hora a viagem até a Rússia, após sofrer uma queda no Palácio da Alvorada. Lula teve um trauma e um corte na cabeça. Ele deve participar por videoconferência. Sua ausência direta pode evitar possíveis tensões com os EUA - o chanceler, Mauro Vieira, lidera a comitiva brasileira.

A Ucrânia monitorava a viagem de Lula e estava incomodada com o fato de o Brasil ter ignorado pedidos para que ele também visitasse Kiev e ouvisse as demandas do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski. Mesmo dentro do governo brasileiro havia receio de que gestos considerados favoráveis aos russos pudessem provocar retaliações ocidentais e afetar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.

Altos funcionários de governos europeus, ouvidos sob condição de anonimato, veem a participação do Brasil como expressão do histórico não alinhamento da política externa brasileira, que busca representar o Sul Global e extrair concessões de Washington e Pequim.

Adesões

O Brasil, no entanto, ficou mais isolado no bloco desde sua expansão. A expectativa é que russos e chineses tentem se projetar como líderes do Sul Global e utilizar disso para pressionar os aliados por um novo sistema econômico que os afaste dos EUA.

A novidade da cúpula será a participação, além dos membros originais (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), de Egito, Irã, Emirados Árabes, Etiópia e Arábia Saudita - o único país dos cinco que entraram que ainda não respondeu ao convite de adesão. A Rússia convidou também outros 30 países e organizações como observadores.

A cúpula ocorre em um contexto de sanções e do cerco a Putin, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), por crimes de guerra. Em reunião a portas fechadas com jornalistas que viajaram à Rússia, na semana passada, ele negou que o encontro tenha um caráter "antiocidental", mas tentou colocar o Brics como "uma alternativa ao Ocidente".

Seu ministro das Finanças, Anton Siluanov, disse que Moscou defenderá com mais força a desdolarização da economia global e um novo sistema financeiro internacional. Após a invasão da Ucrânia, a Rússia foi banida do sistema financeiro de transações internacionais (Swift), o que afeta as transações com bancos do país. O tema também é de interesse da China, que vive uma disputa com os EUA e prefere fazer comércio com sua própria moeda, em vez do dólar.

Interesses

"Esses não são temas novos. O presidente anterior da China, Hu Jintao, já dava sinais de que isso interessava a Pequim, na época da crise de 2008", disse Guilherme Casarões, professor de relações internacionais da FGV. "Mas eles são temas que se tornaram mais urgentes nos últimos anos."

Se Rússia e China tentam antagonizar o Ocidente, Brasil e Índia evitam transformar o Brics em uma coalizão antiocidental. No entanto, com a expansão do bloco e a inclusão de autocracias mais próximas de Moscou e Pequim, esse equilíbrio se dilui.

"A dinâmica do bloco está em transição", afirma Pedro Brites, professor da FGV. "Em termos relativos, o Brasil perdeu seu poder com a entrada de novos membros e a oportunidade de incluir um país latino-americano" - a Argentina chegou a ser convidada, mas o presidente Javier Milei recusou.

"O Brasil acabou ficando isolado, tanto em termos geopolíticos quanto no próprio alcance da sua política externa", afirma Casarões. "Ela nunca foi dominante por razões óbvias. Mas uma coisa é não ser dominante e conseguir construir equilíbrio quando eram cinco membros, outra coisa é agora com dez."

Liderança

Para Sarang Shidore, diretor do Programa Sul Global, do Quincy Institute, professor da Universidade George Washington, nem China nem Rússia deveriam falar pelas nações emergentes. "Sul Global é Brasil, Índia, África do Sul, e assim por diante. Suas perspectivas estão longe de serem as mesmas de China e Rússia", disse. Não à toa, a diplomacia chinesa foi habilidosa em fazer de suas pautas os debates centrais das últimas cúpulas do Brics, incluindo a escolha dos novos membros. Este também será um dos pontos de atrito da cúpula.

Venezuela

Se antes havia divergências consideráveis entre os cinco membros, o dobro de participantes, de formatações econômicas e políticas tão distintas, pode dificultar ainda mais os consensos. "Será importante observar se os países conseguem avançar em resultados efetivos após a ampliação", disse Brites. "O importante será ver que tipo de aporte os novos membros trarão para as discussões."

O que deve avançar, segundo Brites e Shidore, são as discussões sobre os critérios para adesão de novos membros e a sugestão russa de incluir parceiros observadores. Novamente, a China tende a sair ganhando e o Brasil, perdendo.

"A grande expectativa da cúpula é com o processo de adesão. Se passaram dez meses desde a entrada de novos membros e se espera que a expansão continue e se defina quais serão os critérios futuros", afirmou Shidore.

"Se o Brics continuar se expandindo de acordo com os interesses da China, a chance de o Brasil sobrar como um dos pouquíssimos membros democráticos é muito grande", disse Casarões. "Os critérios de expansão poderão ser mais ou menos objetivos, mas dificilmente tornarão o Brasil mais influente no médio prazo dentro do bloco. E ainda pode acontecer o efeito contrário."

O grande risco, de acordo Casarões, é que, em uma futura expansão do Brics, o próximo país latino-americano a aderir seja a Venezuela, o que deixaria o Brasil em um saia ainda mais justa. China, Irã e Rússia veem com simpatia a entrada de Caracas no bloco. Lula, no entanto, já sinalizou a interlocutores e assessores que vetaria a manobra.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.