'Medo da soberania do povo', diz Gleisi em crítica à PEC do semipresidencialismo

Política
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A deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, criticou neste domingo, 9, a proposta de emenda à constituição (PEC) que institui o semipresidencialismo no País. O modelo é alternativo ao presidencialismo e dá mais poder ao Congresso em questões como o plano de governo e Orçamento da União.

 

Para a petista, a proposta do deputado federal Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) pretende "tirar da maioria da população o direito de eleger um presidente com poderes de fato para governar". "É muito medo da soberania do povo", disse Gleisi no X (antigo Twitter).

 

A PEC foi protocolada na Câmara na última semana, após reunir o quórum de assinaturas necessário para começar a tramitar. Entre as assinaturas, consta o apoio de Hugo Motta (Republicanos-PB), novo presidente da Casa. Apesar de sinalizar apoio ao texto, Motta afirmou que não pretende acelerar a tramitação do projeto.

 

Ex-ministra da Casa Civil e cotada para assumir, em breve, a Secretaria-Geral da Presidência, como antecipou o Estadão, Gleisi relembrou que o sistema parlamentarista já foi rejeitado pelos brasileiros em duas oportunidades.

 

Enquanto República, o Brasil já adotou o modelo parlamentarista entre setembro de 1961 a janeiro de 1963. O sistema, adotado como resolução da crise provocada pela renúncia à Presidência de Jânio Quadros, foi descontinuado após referendo com ampla rejeição ao modelo. Uma nova consulta popular sobre o modelo de governo foi realizada trinta anos depois, na qual o parlamentarismo voltou a ser rejeitado.

 

O PT está ausente da lista de 179 signatários do texto, mas há adesões do "núcleo duro" da base de sustentação ao governo, como sete assinaturas do PDT e duas do PSB, sigla do vice-presidente Geraldo Alckmin. Além disso, PCdoB e PV, legendas federadas ao PT, registram um apoio cada.

 

Os exemplos mais famosos de países semipresidencialistas são Portugal e França. Se aprovado, um presidente da República eleito pelo voto direto dividiria poderes com um primeiro-ministro.

 

O modelo proposto por Hauly dá ao presidente a prerrogativa de nomear o primeiro-ministro, mas, por outro lado, empodera a Câmara, dando aos parlamentares mais atribuições para definir o plano de governo e o Orçamento.

 

O presidente mantém prerrogativas como nomear ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de tribunais superiores, além de chefes de missão diplomática, presidente e diretores do Banco Central (BC), o procurador-geral da República e o advogado-geral da União. Por outro lado, a nomeação de ministros passa a ser responsabilidade do Congresso.

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As Forças Armadas de Israel se retiraram neste domingo, 9, de um estratégico corredor que divide a Faixa de Gaza, deixando quase todo o norte do território, conforme exigido por um tênue cessar-fogo com o Hamas. A retirada é essencial para o avanço de novas negociações para um acordo mais duradouro.

A saída dos militares do corredor Netzarim ocorreu enquanto o governo israelense enviava uma delegação ao Catar no fim de semana para discutir o próximo grupo de reféns israelenses e prisioneiros palestinos a serem libertados durante a fase inicial do acordo de trégua, que entrou em vigor no mês passado e continua vigente.

Em uma declaração ontem, os militares israelenses disseram que as tropas estavam "implementando o acordo" para deixar o corredor e permitir que centenas de milhares de palestinos continuassem retornando para casa no norte de Gaza. O Hamas também confirmou a saída das tropas israelenses, afirmando em uma declaração que foi "uma vitória da vontade do nosso povo".

Com a retirada, a presença de tropas israelenses em Gaza está agora limitada a uma pequena faixa de terra no sul, perto da fronteira com o Egito, e a uma zona-tampão ao longo da fronteira israelense.

O Ministério do Interior de Gaza, controlado pelo Hamas, alertou ontem aos palestinos que estão retornando que seus veículos ainda poderiam ser inspecionados por empresas de segurança estrangeiras para evitar que armas fossem transferidas do sul.

"Pedimos aos cidadãos que sejam cuidadosos e cumpram a movimentação de acordo com o mecanismo atualmente permitido para sua segurança", disse o Ministério do Interior em um comunicado.

O Exército israelense ordenou uma retirada em massa do norte de Gaza nos primeiros dias da guerra e patrulhou o corredor, em parte para impedir que os palestinos retornassem. As tropas israelenses já haviam se retirado parcialmente do corredor Netzarim no mês passado, deixando combatentes estrangeiros para preencher o vazio.

FASES DO ACORDO

A retirada completa do corredor foi exigida pela primeira fase de 42 dias do acordo de cessar-fogo - que agora está na metade - e necessária para avançar para a próxima etapa e encerrar totalmente a guerra em Gaza.

Novas armadilhas significativas para chegar a um acordo para a próxima fase - que poderia envolver uma retirada militar israelense completa de toda a Faixa de Gaza - surgiram na semana passada, depois que o presidente Donald Trump disse que os EUA poderiam assumir o controle de Gaza e transformá-la na "Rivera do Oriente Médio" ao realocar seus residentes palestinos.

As negociações sobre a segunda fase, que visam à libertação de mais reféns e à retirada completa de Israel de Gaza, deveriam começar em 3 de fevereiro. Mas Israel e o Hamas parecem ter feito pouco progresso, mesmo com as forças israelenses se retirando de um corredor.

Israel enviou uma delegação ao Catar, um mediador-chave nas negociações entre as partes, mas a missão incluía autoridades de baixo escalão, levantando especulações de que não levará a um avanço.

A chance de um acordo mais duradouro é incerta. Israel disse que não concordará com uma retirada completa de Gaza até que as capacidades militares e políticas do Hamas sejam eliminadas. O Hamas, por sua vez, diz que não entregará os últimos reféns até que Israel remova todas as tropas.

REFÉNS

A cena da libertação de três reféns israelenses no dia anterior, aparentemente mais magros e pálidos, fazendo declarações de agradecimentos aos terroristas do Hamas sob ameaça de armas, aumentou a pressão sobre o governo israelense para a extensão da fase atual do acordo.

As famílias dos reféns restantes disseram que o tempo está se esgotando, pois alguns sobreviventes descreveram estar descalços e acorrentados.

"Não podemos deixar os reféns permanecerem lá. Não há outra maneira. Estou apelando ao gabinete", disse Ella Ben Ami, filha de um refém libertado anteontem, acrescentando que agora entende que a situação dos capturados é muito pior do que se imaginava.

PLANO DE TRUMP

Enquanto isso, Netanyahu, que estava nos EUA, onde se encontrou com Trump, elogiou o controvertido plano do republicano de remover os palestinos de Gaza e afirmou que seu país fará o trabalho.

"Acho que a proposta do presidente Trump é a primeira ideia nova em anos e tem o potencial de mudar tudo em Gaza", disse Netanyahu em entrevista veiculada anteontem na Fox News. "Tudo o que Trump está dizendo é: 'quero abrir o portão e dar a eles a opção de se mudarem temporariamente enquanto reconstruímos o local fisicamente'. Trump nunca disse que quer que as tropas americanas façam o trabalho. Adivinhe? Nós faremos o trabalho".

Para o premiê, o problema da proposta é encontrar países que concordem em receber a população palestina, de cerca de 2 milhões de pessoas. Os vizinhos Egito e Jordânia já rechaçaram a ideia. Netanyahu acrescentou que, para serem autorizados a retornar, os palestinos deveriam "repudiar o terrorismo".

A proposta de Trump foi anunciada ao lado do próprio Netanyahu em Washington na semana passada. O plano foi amplamente criticado, tanto por aliados quanto por adversários dos EUA, como uma limpeza étnica. Para a população palestina, uma tentativa de retirá-los de Gaza evoca memórias do que chamam de Nakba (palavra em árabe que em português significa tragédia), como se referem ao deslocamento forçado durante a criação de Israel em 1948. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, especulou neste domingo, 9, que o país pode ter menos dívidas do que acreditava por conta de supostas fraudes no Departamento do Tesouro.

A repórteres, a bordo do avião presidencial, Trump comentou a análise do CEO da Tesla, Elon Musk, sobre o governo federal por meio do Departamento de Eficiência (Doge, na sigla em inglês). "Pode haver um problema com os títulos do Tesouro, e esse pode ser um problema interessante", disse.

O republicano também voltou a dizer que a Nippon Steel não está autorizada a comprar a US Steel, apenas investir na siderúrgica americana.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou neste domingo, 9, que a União Europeia (UE) está preparada para reagir "dentro de uma hora" a eventuais tarifas dos Estados Unidos a produtos europeus.

Em debate eleitoral com o líder da União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, Scholz foi questionado se o bloco teria um plano para reagir a medidas tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump.

"Sim, da forma mais cautelosa e diplomática possível", respondeu. "É por isso que insisto que sigamos com as regras comuns da UE", acrescentou ele, que reconheceu que a Alemanha seria um dos países mais prejudicados por tarifas.