Barroso diz que ativismo judicial é um 'mito' e que Brasil vive harmonia entre os poderes

Política
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, falou na manhã deste sábado, 12, ao II Fórum Internacional, evento promovido pelo grupo Esfera Brasil em Roma, na Itália. Em sua palestra, que abriu o segundo dia do evento, o ministro se propôs a "falar sobre o Brasil, sobre o mundo, e sobre o futuro da humanidade". Barroso ainda voltou a defender o trabalho do STF e a presença de ministros da Corte em eventos empresariais, além de dizer que País vive um momento de "grande harmonia entre os Poderes".

 

Ao tratar da situação do Brasil e de seu potencial como área de interesse para investimentos internacionais, Barroso mencionou que há uma preocupação com a segurança jurídica do País, mas que essa percepção "não corresponde à realidade". Segundo o ministro, a ideia de que há "um grande nível de ativismo judicial" no Brasil é um mito, mas ele avalia que há, sim, "um grau relativamente elevado de protagonismo judicial, no sentido de que quase todas as grandes questões brasileiras em algum momento desaguam ou no Poder Judiciário ou no Supremo Tribunal Federal".

 

Esse protagonismo, na visão de Barroso, se dá pelo fato de a Constituição Federal ser "muito abrangente", pela facilidade de acionar o STF para diferentes situações, pela competência criminal da Corte e pelo seu grau de visibilidade. "Tudo chega, em algum momento, ao Supremo Tribunal Federal, de modo que a gente está sempre desagradando alguém", afirmou o ministro, e acrescentou que, devido a isso, "o prestígio e a importância de um tribunal não podem ser medidos pela opinião pública".

 

O presidente do STF, contudo, afirmou considerar que há excesso de litigiosidade em três áreas: tributária, da saúde e trabalhista. Barroso mencionou estratégias da Corte para reduzir o número de ações julgadas nesses temas e, ao falar sobre medidas para diminuir reclamações na área trabalhista, foi aplaudido pela plateia, composta principalmente por empresários.

 

Barroso ainda direcionou-se às críticas sobre a presença de ministros em eventos como o atual e suas reuniões com a classe empresarial. Falou que há, no Brasil, um "preconceito contra a iniciativa privada" e recebeu aplausos. "Vira e mexe a gente sofre a crítica de participar de eventos como este. Eu queria dizer que eu converso com as comunidades indígenas, converso com os advogados, com o agronegócio, com estudantes, com todos os setores da sociedade", disse o presidente do STF.

 

Segundo levantamento do Estadão, que compilou todas as audiências públicas do presidente do STF desde que ele tomou posse, no dia 29 de setembro de 2023, até o dia 4 de julho deste ano, representantes de empresas são os mais atendidos por Barroso quando desconsiderados os encontros com membros dos três Poderes.

 

O evento promovido pelo grupo Esfera é patrocinado por um grupo de empresas que inclui a JBS, pertencente aos irmãos Wesley e Joesley Batista. Como mostrado pelo Estadão, os ministros Barroso e Dias Toffoli, que marcam presença no ato, são relatores de várias ações de interesse da empresa.

 

"Vivemos um momento de elevação da civilidade" avalia Barroso

 

O ministro do STF elencou características do Brasil que, para ele, o fazem "uma das grandes opções de investimento no mundo". Na lista, mencionou a relevância do País no contexto ambiental e de combate ao aquecimento global, além da paz com os países vizinhos e de estatísticas de crescimento do PIB, redução de desemprego e da diminuição da "temperatura política no País". "Vivemos um momento de elevação da civilidade", afirmou.

 

Mencionando o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD), Barroso disse que o País tem instabilidade institucional. "Ao contrário das intrigas - não sei se o Pacheco está aqui - que aqui e ali se ouvem, nós vivemos em grande harmonia entre os Poderes".

 

A fala do ministro se dá em meio a um clima quente entre o STF e o Congresso Nacional. Na última quarta-feira, 8, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou um pacote de medidas legislativas que limitam os poderes do STF. Foram duas propostas de emenda constitucional (PECs) e dois projetos de lei que restringem os poderes dos magistrados tomarem decisões isoladas, autorizam o Parlamento a anular julgamentos do Supremo e criam um novo rito para processos de impeachment de ministros da Corte.

 

Barroso mencionou ainda desafios que o Brasil deve entrentar, como pobreza, desigualdade, deficit educacional, baixo crescimento econômico e problemas de segurança pública. Foi aplaudido pela plateia ao afirmar que "o crime organizado tem que ser obsessivamente enfrentado no Brasil".

 

Ele apontou também problemas de "patrimonialismo, quando não corrupção, que é essa má-divisão entre o espaço público e o espaço privado". Segundo ele, há "uma apropriação do espaço público por elites predatórias".

 

Por fim, indicou questões internacionais que merecem atenção: a revolução tecnológica, o crescimento da inteligência artificial e a mudança climática.

 

O evento deste sábado é o segundo dia do II Fórum Internacional do grupo Esfera, e contou com a presença de autoridades brasileiras dos Três Poderes. O local escolhido foi Roma em comemoração aos 150 anos da imigração italiana no Brasil.

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Sirenes soaram na manhã deste sábado, 19 em Israel, alertando sobre fogo vindo do Líbano, com um drone lançado em direção à casa do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em Cesareia, segundo o governo do país. Nem ele nem sua mulher estavam em casa e não houve vítimas, disse seu porta-voz em uma declaração.

O drone foi lançado em direção à casa do primeiro-ministro após forças israelenses anunciarem a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, no sul da Faixa de Gaza, na tarde de quinta-feira, 17.

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, prometeu que o grupo terrorista Hamas continuaria sua luta contra Israel após o assassinato do mentor do ataque mortal de 7 de outubro do ano passado. "O Hamas está vivo e continuará vivo", disse Khamenei.

Além do drone lançado na residência de Netanyahu, as forças israelenses afirmaram que cerca de 55 projéteis foram disparados contra o norte de Israel a partir do Líbano na manhã deste sábado. Alguns foram interceptados, segundo o Exército, e não houve relatos imediatos de vítimas.

Ataques

Em setembro, os rebeldes Houthi do Iêmen lançaram um míssil balístico em direção ao aeroporto Ben Gurion quando o avião de Netanyahu estava pousando. O míssil foi interceptado.

Os ataques em Israel ocorrem enquanto a guerra com o Hezbollah do Líbano - um aliado do grupo terrorista Hamas apoiado pelo Irã - se intensificou nas últimas semanas. O Hezbollah disse na sexta-feira que planejava lançar uma nova fase de combate enviando mais mísseis guiados e drones explosivos para Israel.

Hassan Nasrallah, líder de longa data da mílicia xiita radical libanesa, foi morto em um ataque aéreo israelense no final de setembro, e Israel enviou tropas terrestres para o Líbano no início de outubro.

Um impasse também está ocorrendo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que está lutando em Gaza, com ambos sinalizando resistência ao fim da guerra após a morte de Sinwar.

Faixa de Gaza

Mais ataques atingiram Gaza neste sábado, 19. O ministério da Saúde do enclave palestino, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas, afirmou em um comunicado que bombardeios israelenses atingiram os andares superiores do Hospital Indonésio em Beit Lahiya e que as forças de Israel abriram fogo contra o edifício do hospital e o seu pátio, causando pânico entre pacientes e médicos. No hospital Awda, em Jabaliya, os ataques atingiram os últimos andares do edifício, ferindo vários funcionários, informou o hospital em comunicado.

No centro de Gaza, pelo menos 10 pessoas morreram, incluindo duas crianças, quando uma casa foi atingida na cidade de Zawayda, segundo o Hospital dos Mártires de al-Aqsa, para onde as vítimas foram levadas. Um repórter da Associated Press contou os corpos no hospital.

A guerra destruiu vastas áreas de Gaza, deslocou cerca de 90% da sua população de 2,3 milhões de pessoas e deixou-os com dificuldades para encontrar alimentos, água, medicamentos e combustível.

O conflito começou no dia 7 de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 250. Este foi o maior ataque terrorista da história de Israel e o maior contra judeus desde o Holocausto./com AP

Um apagão atingiu nesta sexta-feira, 18, toda o território de Cuba, após uma falha na maior usina do país. Segundo o governo, a ilha está em "emergência energética". As atividades das estatais foram suspensas e 10 milhões de pessoas estão no escuro - quase a totalidade da população de 11 milhões de habitantes.

O país enfrenta uma crise energética há pelo menos três meses, com várias províncias registrando apagões de até 20 horas nas últimas semanas. Segundo o diretor-geral de eletricidade do Ministério de Energia e Minas, Lázaro Guerra, o sistema elétrico entrou em colapso total após a central termoelétrica Antonio Guiteras parar de funcionar. "Parou tudo", disse.

Embargo

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, afirmou que o governo trabalha "com absoluta prioridade" para restabelecer a energia o mais rápido possível, mas não deu previsão de quando a energia retorna.

Ele suspendeu o comércio e os serviços não essenciais por três dias. O presidente culpou o embargo econômico dos EUA, por dificultar a importação de combustível. "A causa principal é a guerra econômica, a perseguição financeira e energética dos EUA", disse.

O primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero, disse que o governo não teve outra escolha a não ser "paralisar a economia". Em discurso televisionado, ele também responsabilizou o embargo. "A falta de combustível é o principal fator", disse o premiê, em uma aparição ironicamente cortada por falhas técnicas. "Apesar dos apagões, ainda estamos longe do abismo."

Sucateamento

A energia elétrica em Cuba é gerada por oito centrais termoelétricas sucateadas, que em alguns casos apresentam avarias ou estão em manutenção, além de sete usinas flutuantes - que o governo aluga de empresas turcas - e de grupos de geradores. A infraestrutura requer combustível para se manter.

Autoridades disseram também que, para piorar a situação, a infraestrutura sofreu danos graves, na semana passada, com os ventos fortes e mares agitados que começaram com a passagem do furacão Milton, prejudicando a entrega de combustível para as usinas de energia.

Os cubanos enfrentam há três meses apagões generalizados, que se prolongam e se tornam cada vez mais frequentes, com um déficit em muitos dias de 30% na cobertura nacional. Interrupções no serviço de quatro horas ou mais por dia são registradas até em amplas zonas de Havana, região prioritária para as autoridades por ser a mais populosa e a capital do país.

Nos arredores da Praça da Revolução, em Havana, as autoridades suspenderam "todos os serviços que não são vitais", com exceção de hospitais e centros de produção de alimentos. As aulas também foram suspensas até segunda-feira e locais de entretenimento e lazer permanecerão fechados até a situação normalizar.

Protestos

A direção da empresa elétrica da Província de Camagüey, no centro do país, anunciou medidas severas na quarta-feira. "A Empresa Elétrica de Camagüey trabalha para garantir o serviço por cerca de três horas aproximadamente", indicou a companhia em uma postagem no X.

De acordo com a imprensa independente de Cuba, dezenas de pessoas protestaram no início da semana nas províncias de Sancti Spíritus e Holguín, por causa dos apagões. Em março, uma onda de manifestações tomou conta de Santiago, a segunda maior cidade da ilha, após um apagão de 13 horas. Na ocasião, o governo também culpou o embargo americano e acabou com os protestos à força - três pessoas foram presas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas e não diferencia terroristas de civis, acusou neste sábado, 19, o Exército de Israel de ter bombardeado um hospital na cidade de Beit Lahia, no norte do enclave palestino.

Segundo as autoridades de saúde, 40 pessoas ficaram feridas após o bombardeio. "Os tanques israelenses cercaram completamente o hospital, cortaram a eletricidade e bombardearam, atacando o segundo e terceiro andares com artilharia", disse o diretor do centro, Marwan Sultan. "Existem sérios riscos para a equipe médica e os pacientes", acrescentou. O número de mortos no hospital não foi divulgado.

A pasta acrescentou que os "tiros fortes" contra o hospital e o pátio provocaram um estado de grande pânico entre pacientes e funcionários.

Israel lançou uma nova ofensiva no início deste mês no norte de Gaza, onde afirma que o grupo terrorista Hamas está se reagrupando. A Defesa Civil de Gaza apontou que 33 pessoas foram mortas em um bombardeio israelense lançado sexta-feira à noite no campo de refugiados de Jabaliya, também no norte.

A agência da ONU para assuntos humanitários (OCHA) alertou na sexta-feira sobre a situação "cada vez mais grave e perigosa enfrentada pelos civis no norte de Gaza". "As famílias de lá tentam sobreviver em condições atrozes, sob fortes bombardeios", denunciou.

Yahya Sinwar

Apesar da morte do líder do grupo terrorista Hamas, Yahya Sinwar, a guerra continua na Faixa de Gaza. O líder do grupo terrorista foi morto na quarta-feira, 16, após um encontro com tropas israelenses no sul do enclave palestino. A sua morte só foi divulgada no dia seguinte.

Sinwar é o arquiteto dos ataques terroristas do Hamas de 7 de outubro do ano passado, quando integrantes do grupo invadiram o sul de Israel, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 250. Este foi o maior ataque terrorista da história de Israel e o maior contra judeus desde o Holocausto.

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, prometeu que o grupo terrorista Hamas continuaria sua luta contra Israel após o assassinato do mentor do ataque mortal de 7 de outubro do ano passado. "O Hamas está vivo e continuará vivo", disse Khamenei./com AP e AFP