Putin vence eleição na Rússia com 87,97% dos votos, indicam resultados iniciais

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Como era esperado, Vladimir Putin foi eleito para um novo mandato, que o consolidará como líder mais longevo desde a Revolução da Rússia. A votação de três dias encerrada neste domingo, 17, ocorreu em um ambiente rigidamente controlado, sem alternativas reais a Putin, que venceu com 87,97% dos votos, segundo os primeiros resultados que são quase idênticos à boca de urna.

 

Apesar do controle do Kremlin, a reta final da eleição foi marcada por um protesto silencioso dos apoiadores de Alexei Navalni, o líder opositor que morreu em prisão do Ártico um mês antes da votação. Ao meio dia em Moscou, última hora do pleito, os russos fizeram filas nas seções eleitorais, aparentemente atendendo ao chamado que Nalvani fez antes de morrer e ficou conhecido como "meio-dia contra Putin".

 

A Associated Press afirmou que não foi possível confirmar se os eleitores mostrados em fila nos locais de votação em vídeos e fotos divulgados pelos associados de Navalni responderam ao chamado de protesto ou apenas refletiram um forte comparecimento dos eleitores. Mas alguns russos esperando para votar em Moscou e São Petersburgo disseram à agência de notícias que participavam da manifestação.

 

A ONG que monitora os direitos políticos na Rússia, OVD-Info, registrou pelo menos 74 prisões em 17 cidades da Rússia nesta reta final das eleições. Muitas estariam ligadas ao protesto.

 

Em uma fila em uma seção eleitoral por volta do meio-dia em Moscou, uma mulher que disse se chamar Yulia disse à AP que estava votando pela primeira vez. "Mesmo que o meu voto não mude nada, a minha consciência estará limpa...para o futuro que quero ver para o nosso país", disse ela. Outro eleitor de Moscou, que também se identificou apenas pelo primeiro nome, Vadim, disse esperar uma mudança, mas acrescentou que "infelizmente, é improvável".

 

Posicionamento externo

 

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse neste domingo que Putin está "embriagado pelo poder" ao comentar sobre os resultados da eleição na Rússia. "Esta pessoa, como frequentemente acontece na história, está embriagada pelo poder e quer governar eternamente. Não há maldade que ele não cometa para prolongar seu poder pessoal", disse.

 

Também no Leste Europeu, o Ministério das Relações Exteriores da Polônia disse em nota que "a eleição presidencial russa não é legal, livre e justa". O comunicado acrescenta que a votação ocorreu em meio a "duras repressões" e criticou a realização do pleito em regiões ocupadas da Ucrânia.

 

Na mesma linha, o Reino Unido disse que a Rússia demonstra não ter interesse em encontrar um caminho para paz ao criticar a realização de eleições em solo ucraniano. E aproveitou para reafirmar o apoio a Kiev.

 

Eleição sem opositores reais

 

Vladimir Putin está no poder desde 2000, se alternando entre os cargos de presidente e primeiro-ministro e, se completar mais seis anos à frente da Rússia, se tornará o líder mais longevo desde a revolução, ultrapassando Josef Stalin, que ocupou o Kremlin por 29 anos. Graças a uma reforma que promoveu no sistema russo, Putin ainda tem o caminho aberto para buscar mais um mandato e completar 36 anos como chefe do Kremlin.

 

Apenas três candidatos - de partidos amigos do governo - foram autorizados a concorrer:: Nikolai Kharitonov, 75 anos, do Partido Comunista; o nacionalista linha-dura Leonid Slutsky, 56, do Partido Liberal Democrata, que apelou à execução de prisioneiros de guerra ucranianos; e Vladislav Davankov, 40 anos, do Partido do Novo Povo, que apoiou a guerra.

 

Já os candidatos críticos à invasão da Ucrânia, Yekaterina Duntsova e Boris Nadezhdin, foram impedidos de concorrer depois que a Comissão Eleitoral Central afirmou ter encontrado falhas nas assinaturas de que precisavam para ganhar um lugar nas urnas. Em 2006, a comissão retirou a opção de votar contra todos os candidatos, eliminando o risco de votos de protesto. E as pesquisas já indicavam que ele teria mais de 80% dos votos.

 

Além da Rússia, a votação de três dias também foi realizada nos territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia e na Transnístria, um território separatista pró-Rússia localizado na Moldávia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O Senado e a Câmara poderão instalar em breve comissões parlamentares de inquérito (CPIs) para investigar facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), além das milícias. No Senado, o requerimento foi protocolado nesta quinta-feira , 06, pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE). Já na Câmara, um pedido foi apresentado por Kim Kataguiri (União-SP). No requerimento de Kim, o foco são as reuniões de supostos integrantes das facções com representantes do governo Lula (PT), reveladas por reportagens do Estadão.

A proposta mais avançada é a de Alessandro Vieira, no Senado. Segundo ele, o requerimento já tem as 27 assinaturas necessárias, e conta com o apoio do novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). No pedido, Vieira fala sobre a necessidade de investigar as causas do aumento do poder das facções e de estudar os casos dos Estados que conseguiram conter o problema, como Santa Catarina.

Dentre as 27 assinaturas coletadas por Vieira, predominam nomes de oposição - caso de Sérgio Moro (União-PR), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ). "Se está diante de um preocupante estado de coisas, o qual torna imprescindível a atuação investigativa do Poder Legislativo, através de CPI especialmente constituída para tanto, como forma de oferecer ao país soluções legislativas", diz um trecho do requerimento.

O pedido de Kim Kataguiri tem como objeto a possível influência do PCC e do Comando Vermelho nas políticas públicas para o setor carcerário. No pedido, o deputado federal cita a participação de dirigentes da ONG Pacto Social & Carcerário de S.P em reuniões nos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos; e as reuniões de Luciane Barbosa Farias, a Dama do Tráfico, nas duas pastas. Ambos os casos foram revelados pelo Estadão. No fim de janeiro, os líderes da Pacto Social foram denunciados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), sob a acusação de integrar o PCC e de atuar de acordo com as ordens da facção.

"A participação dessas ONGs (como a Pacto Social) na formulação do Plano Pena Justa (determinado pelo Supremo Tribunal Federal) levanta suspeitas graves, que merecem ser investigadas. Temos cada vez mais indícios da complexidade e do tamanho do crime organizado no nosso país. E esse nível de infiltração dele na política institucional pode significar que estamos indo por um caminho sem volta. Acredito que teremos facilidade em coletar as 171 assinaturas necessárias (para a CPI)", diz Kataguiri. O deputado, que integra o Movimento Brasil Livre (MBL), pretende começar a coleta de assinaturas na segunda-feira.

"A crise na Segurança Pública é provavelmente o maior problema nacional, com impactos negativos em todos os aspectos da vida dos brasileiros, mas há muito tempo o debate fica restrito a trocas de farpas entre adeptos do populismo penal (bandido bom é bandido morto) e da abordagem exclusivamente sociológica (pomba branca e passeata pela paz)", diz Alessandro Vieira.

"Por que alguns Estados apresentam bons números históricos, como Santa Catarina, ou conseguiram reduções expressivas nos indicadores de violência, como Sergipe, enquanto outros seguem em uma situação trágica, a exemplo do Rio de Janeiro e do Amapá? É uma pauta urgente do Brasil e precisa fugir da armadilha paralisante da polarização", argumenta o senador.

Relembre os casos

Em novembro de 2023, o Estadão revelou que a mulher de um líder do Comando Vermelho no Amazonas participou de reuniões com dirigentes dos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos no governo Lula (PT). Ex-estudante de Direito, Luciane Barbosa Farias é casada com Clemilson Farias, o Tio Patinhas, ex-líder do Comando Vermelho no Amazonas. Ela se reuniu com o então titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) do Ministério da Justiça, Rafael Velasco Brandani, levada pela advogada criminalista Janira Rocha. Janira recebeu pagamentos de cerca de R$ 23 mil de um integrante do Comando Vermelho dias antes de uma das reuniões.

Na semana passada, a Justiça Federal decretou a prisão de Luciane Barbosa Farias pelos crimes de associação para o tráfico, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ela se encontra foragida até o momento.

Além de Luciane Barbosa Farias, também se reuniram com dirigentes dos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos os representantes da ONG Pacto Social & Carcerário de S.P. Em meados de janeiro, a ONG foi alvo da operação Fake Scream, deflagrada pela Polícia Civil de São Paulo e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP. A investigação começou em 2021, quando policiais interceptaram um informe sobre as atividades da ONG destinado a presos do PCC.

A Secretaria de Comunicação Social do Palácio do Planalto esclareceu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira, 6, a regulação de plataformas digitais e que a fala do presidente não tem relação com conteúdo jornalístico da imprensa convencional.

Em entrevista a rádios nesta manhã, Lula disse que é preciso regular o que chamou de "imprensa digital" e pediu que o Congresso e o Supremo Tribunal Federal participem do debate.

"Nós precisamos regular essa chamada imprensa digital. Não é possível que numa imprensa escrita, numa televisão normal, o cidadão falou uma bobagem, ele é punido. Tem lei para isso. E no digital, não tem lei. Os caras acham que podem fazer o que quiser, provocar, xingar, incentivar a morte, incentivar a promiscuidade das pessoas. E não tem nada para punir", afirmou, em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia, nesta quinta.

Ao Broadcast, a Secom esclareceu que o presidente Lula se referia às plataformas. A secretaria ressaltou que não é a primeira vez que o presidente manifesta preocupação com a atuação das plataformas e que isso não tem relação com conteúdo jornalístico da imprensa regular/convencional.

A Justiça de São Paulo rejeitou uma ação do Partido dos Trabalhadores (PT) que pedia a condenação do deputado estadual Capitão Telhada (PP), oficial da Polícia Milita, por uma publicação que associou o partido ao consumo de maconha. Como a decisão foi tomada na primeira instância, cabe recurso.

O Estadão pediu manifestação do PT, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Rafael Henrique Cano Telhada, o Capitão Telhada, publicou nas redes sociais a imagem - produzida com inteligência artificial - de um homem com a camisa do PT fumando um charutão de maconha. "É pra meu consumo, Sinhô", dizia a legenda.

O PT alegou que a publicação ofendeu a honra do partido e pediu uma indenização por danos morais. A ação é movida em conjunto pelos diretórios nacional e estadual.

O juiz Otavio Tioiti Tokuda, da 18.ª Vara Cível de São Paulo, considerou o pedido do PT "exagerado". Para o magistrado, a publicação com a imagem de um suposto petista tragando o mega baseado não passou de uma "crítica política" de "tom jocoso".

"O brasileiro é um povo sofrido, mas que sabe rir", escreveu o magistrado. "Quantos de nós já nos divertimos com alguma piada, com alguma postagem na internet, ou ainda com alguma fala de políticos ou sotaque e voz característicos de políticos?"

Tokuda argumenta ainda que é possível perceber que a imagem não é real. "Evidente que tal imagem não corresponde à realidade captada nas ruas. Há elementos fora do cotidiano do Brasil."

"Quem iria visualizar ou compartilhar ou ainda comentar tal imagem? Certamente pessoas que se alinham à ideologia de direita, que abominam o uso de drogas para fins recreativos ou ainda abominam o PT", argumentou.

A decisão menciona ainda a lei de drogas, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu primeiro mandato, em 2006, que acabou com a pena de prisão para usuários e aumentou a punição para traficantes.

"Inegável que a autora é favorável à descriminalização do uso de drogas para efeito recreativo. Não houve invenção por parte do réu", concluiu o juiz.